quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Roma- a vida e os imperadores

Casa Fiat de Cultura, 29 de Novembro de 2011

       A exposição Roma - a vida e os imperadores, que esta acontecendo na Casa Fiat de Cultura, retrata a historia de Roma desde os primórdios de sua existência, quando, segundo a lenda Tróia caiu e Enéias conseguiu salvar-se da cidade que ardia em chamas carregando o pai nas costas e o filho pela mão, cujos descendentes futuramente fundaram a cidade de Roma. A exposição retrata a divisão de classes dentro do império, as conquistas territoriais dos romanos, a riqueza do império, os imperadores e suas particularidades, o dia-a-dia da população em geral. Pode-se ver claramente a influência Grega nos costumes romanos, e conseqüentemente a influência romana na civilização atual, como no sistema político e econômico, o código de leis, a arquitetura, a religião politeísta (inspirada na religião grega) além da influencia da língua Latina no ocidente.
       A exposição é uma retomada do nosso passado, é olhar para trás e entender de onde veio nossa sociedade, nossos costumes, é uma forma atrativa e interessante de entender a historia.  As esculturas romanas, com grande influência grega, nos remetem ao renascimento que séculos depois ira retomar essa estética artística da antiguidade clássica greco-romana, influenciando todos os campos da sociedade como podemos exemplificar com o livro ”O Príncipe“ de Nicolau Maquiavel, escrito na época do renascimento, dedicado a Lourenço II, dando conselhos sobre como ele deveria governar seu reino, onde o que foi escrito no livro pode ser imediatamente associado as frases ditas por imperadores romanos que estão expostas nas paredes da exposição. 
        Tudo isso deixa claro a influência romana na sociedade, mesmo depois que Roma caiu. Foi um império tão poderoso e suntuoso que não foi destruído completamente. Junto com as ruínas de Roma, permaneceu toda uma estrutura de vida criada pelos romanos, que é usada até hoje. A exposição está encantadora, é uma viajem no tempo, é o reconhecimento do surgimento da estrutura da sociedade vigente atualmente, vale muito a pena ser vista e apreciada com a maior atenção possível, pois os detalhes são extremamente interessantes. Roma foi à raiz da nossa sociedade, e entender o que foi Roma, é entender um pouco mais sobre a sociedade atual.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Concerto do Coro Madrigale

Concerto do Coro Madrigale, 2 de Novembro de 2011


        No dia 2 de Novembro de 2011, dia de finados, na Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem, aconteceu uma belíssima apresentação de um dos melhores coros do Brasil, o Coro Madrigale. Especializado em cantar um repertório erudito, o coro emocionou a todos os presentes com a execução do Requiem de Mozart, com finalidade espiritual, forma que os músicos encontraram de homenagear os entes queridos que já se foram. O coro reuni-se desde o ano de 2000 para a apresentação, mas surgiu em 1993, regido desde então pelo maestro Arnon Sávio.
       O Coro Madrigale é de grande importância para expandir o gosto pela musica erudita para a sociedade em geral. Com seu repertório coral e sinfônico-coral que vai desde a renascença aos compositores contemporâneos, os músicos também valorizam os compositores brasileiros tendo suas obras constantemente executadas. Como pode ser claramente visto por quem compareceu a apresentação, o coro atrai um publico muito extenso o que representa sua qualidade e excelência técnica, além de certa proximidade do lado espiritual que puderam proporcionar aos cristãos, trazendo canções que confortam a essas pessoas. Mesmo aqueles que não eram cristãos compareceram ao evento para prestigiar ao coro, devido à sua belíssima sonoridade. Um evento realmente prazeroso aos olhos e ouvidos.

sábado, 29 de outubro de 2011

Território Nu- FID 15 anos

Teatro Oi Futura Klauss Vianna, 27 de outubro de 2011

       O FID (Fórum Internacional de Dança), criado em 1996 tem como objetivo principal difundir a dança contemporânea, formar novos públicos para tal, criar uma platéia critica, democrática e oferecer informação de qualidade. Ao longo de seus 14 anos o FID promoveu vários espetáculos culturais, lançamentos de livros, debates, exposições entre outros e comemora nesse ano de 2011 quinze anos de existência, trazendo para o público uma programação comemorativa impressionante.
       Um dos espetáculos já apresentado se chama Território Nu, da Cia. Mario Nascimento, criado no ano de 1998, em São Paulo, pelo coreógrafo Mário Nascimento e o compositor Fábio Cardia, e hoje está situado em Belo Horizonte. O espetáculo aconteceu na noite de estréia do FID 15 anos e tem como abordagem principal o território no sentido de área delimitada na posse uma pessoa, ou um grupo, estabelecendo relações de poder, domínio sobre determinado espaço. Território Nu é descobrir, conquistar novos espaços é superar os desafios, ir em busca da construção de um futuro o que representa a própria historia da Companhia Mário Nascimento.
    O espetáculo compreende maravilhosamente seu objetivo de criar uma platéia critica e democrática, abordando aspectos das relações de poder vividas na sociedade atual, como a conquista de novos territórios. Apesar de a obra fazer uma metáfora com a própria historia da Companhia, pode ser vista também como a metáfora da vida de qualquer um de nos em busca de novos territórios, de novas conquistas, de enfrentamento de obstáculos, ou uma metáfora da própria sociedade em geral, na busca de direitos e igualdade. O espetáculo é encantador, trás movimentos corporais impressionantes, que prendem a platéia, e a deixa maravilhada. É uma mistura de sentimentos, emoções, força, sorrisos e suavidade que encanta a todos atingindo perfeitamente seu objetivo social, moral e de entretenimento.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Terças Poéticas

Palácio das Artes, 27 de setembro de 2011.


            Fazer com que a poesia seja de fácil acessibilidade para a população, além de promover o incentivo à leitura, vivência e memória da mesma. Essa é a proposta principal do projeto intitulado Terças Poéticas, que acontece semanalmente no Palácio das Artes. Às terças-feiras, recitais de poesia são realizados nos jardins internos do local, sempre trazendo poetas renomados que contribuem de forma ímpar para o sucesso do projeto, que já levou a poesia a mais de 20 mil pessoas no decorrer de seis anos. Um exemplo claro foi a presença da poetisa Thais Guimarães, que prestou uma homenagem ao poeta João Batista Jorge, amigo da mesma durante a década de 1980 e que foi bruscamente assassinado. O projeto tem a curadoria de Wilmar Silva, que é poeta, ator e performer e a entrada é franca.
            Quando falamos em poesia, é normal que o primeiro impacto a que nos remetemos seja o emocional. Tal forma de arte parece trazer uma dramaticidade mais marcante, principalmente quando o artista imprime na obra seus próprios sentimentos e concepções da realidade que o cerca. Essa característica ainda vai além quando o artista recita sua obra de forma a fazer com que sintamos um misto de emoções, que abrangem as que ele sentiu ao fazer a obra e as que cada indivíduo sente em seus variados cotidianos. A arte, no geral, provoca isso. Faz com que nos coloquemos no lugar do artista e de nós mesmos, proporcionando emoções únicas a quem a aprecia. Não segue padrões, logo, não obedece a concepções de "certo" ou "errado". É vivida por todos através de um só. É feita para encantar à sua forma e por sua singularidade.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Palácio da Liberdade

Palácio da Liberdade, 25 de setembro de 2011.

            O Palácio da Liberdade é uma das marcas mais expressivas do passado de Belo Horizonte. Foi construído em meados de 1897, como sede do governo do estado de Minas Gerais e residência dos governadores. Sua construção buscou romper com barreiras anteriormente estabelecidas e fazer com que a modernidade fosse sua principal característica. A arquitetura do local apresenta traços ecléticos - parte importante para o rompimento das barreiras já citadas -, com marcas romancistas e neoclassicistas. O prédio foi tombado como patrimônio cultural em 1977, e hoje em dia é aberto ao público todos os domingos, de 9:00 às 13:00, para visitação. A entrada é franca.
            Quando os arredores do então Curral Del'Rei se tornaram capital do estado mineiro como substituta a Ouro Preto, algumas preocupações se tornaram recorrentes. Era inevitável que o passado ainda muito recente de escravidão e dependência política com relação a Portugal precisasse ser deixado para trás. Como é de conhecimento geral, tal objetivo não foi atingido. O que cabe a nós ressaltar porém, é a tentativa de se construir uma capital autossuficiente e que funcionasse como o cérebro do estado. Os governantes então deram início à construção da Cidade de Minas, que por estar situada no ponto mais alto da região, recebeu o nome de Belo Horizonte. O conjunto arquitetônico ao redor do Palácio também se faz notável, por estar incluído no Circuito Cultural da Praça da Liberdade.
            Apesar de seu caráter modernizador, o edifício e todo o conjunto arquitetônico regional demonstra a falta de independência da arte brasileira na época. A influência européia, principalmente francesa, funciona como impecilho para que a tão idealizada modernização faça parte das características do local. O Palácio já passou por fases de restauração e reformas (sendo a mais importante delas feita no ano de 1922, por ocasião da visita dos reis da Bélgica), e nos dias atuais mostra grande parte dos aspectos originais de sua construção.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

História Permanente do Cinema - O Criado

Palácio das Artes, 25 de agosto de 2011.


        A fundação Clóvis Salgado recebeu, durante as quintas-feiras do mês de agosto, uma mostra composta por quatro sessões que integram a História Permanente do Cinema. O projeto, idealizado com o objetivo de promover a apreciação e discussão dos filmes apresentados, contou com a presença de críticos, pesquisadores e professores ao final de cada uma das quatro sessões e trouxe clássicos e obras decisivas das mais variadas escolas e tendências da história do cinema mundial. A classificação foi livre para todas as sessões e a entrada, gratuita. As exibições aconteceram no Cine Humberto Mauro, no Palácio das Artes em Belo Horizonte, do dia 4 ao dia 25 de agosto.
        Sob a direção do inglês Joseph Losey e baseado no romance de Robin Maugham, "O Criado" aborda a relação entre classes sociais conflitantes ao apresentar a história de um jovem rico e solteiro que contrata um criado a fim de que o mesmo satisfaça todas as suas vontades. No início, nada de inovador ou surpreendente, mas uma reviravolta pode ser observada nos momentos finais dos 112 minutos de filme. Abalado psicologicamente (o que se deve a uma traição da parte do próprio criado) o jovem patrão encontra-se sozinho em sua casa e experimenta o amargo gosto da solidão. Assim, resolve ignorar todo o orgulho e pedir para que seu criado volte a trabalhar em sua casa. O clímax se dá quando, percebendo a situação frágil na qual o patrão se encontra, o criado passa a se comportar de forma intimidadora e acaba invertendo as duas funções: a de patrão e empregado. Passa então a controlar a vida do jovem rico, que em determinado momento se dá conta da reviravolta ocorrida na própria vida, mas não consegue tomar qualquer atitude para reassumir o controle.
       O cinema, enquanto sétima arte, vem abordando tópicos polêmicos que fazem parte do cotidiano social de todas as épocas, construindo pensamentos críticos e apontando a realidade de forma muitas vezes sutil, mas marcante. Mais uma vez, a população belo-horizontina se vê em meio a oportunidades ímpares de enriquecimento cultural a baixo ou nenhum custo. A iniciativa tomada pelo Cine Humberto Mauro se torna ainda mais interressante ao abordar filmes gravados na década de 1960, com áudio e imagens originais. Isso faz com que projetemos-nos a épocas bem diferentes da atual e compreendamos melhor a visão e interpretação feita da realidade, pelo artista. 

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Caminhada Cultural -observações da arquitetura de BH


Primeira parada
Viaduto Santa Tereza

Características arquitetônicas e históricas 

  • Construído em 1929, o Viaduto Santa Tereza foi projetado pelo engenheiro Emílio Baumgart, um expoente entre os profissionais das estruturas de concreto armado no Brasil, que atuou junto ao grupo modernista carioca, formado por Lúcio Costa, Oscar Niemeyer, entre outros.
  • O Viaduto Santa Tereza era a maior obra em concreto armado da América Latina.
  • O Viaduto serviu de inspiração para grandes nomes da nossa literatura como, Carlos Drummond de Andrade. O surgimento dessa obra estabelece uma ponte para a criação artístico-literária.
  • A utilização de formas geométricas em concreto armado espelha tendências adotadas na arquitetura da década de 30, influenciadas pelo neoplasticismo e pelo art-decó.

Segunda parada:Complexo da estação Ferroviária 
A. Prédio da Estação

B. Estatua do Peladão

C. Praça Rui Barbosa – alameda das palmeiras



Terceira Parada
Igreja São José 

  • Pode-se observar o signo de escorpião dentro da Igreja, no arco da lateral direita acima do vitral, tendo como referencia a porta principal, entre os signos de Libra e Sagitário.

Quarta parada
Prédio da Prefeitura

Características arquitetônicas 
  • A arquitetura encontrada no prédio foi elaborada e trazida para Belo Horizonte por franceses no final do século XIX, nos anos 20 e 30, toda a cidade foi construída inspirada em Paris, um exemplo disso são suas ruas largas, ate demais para a quantidade de carros e pessoas que haviam na cidade na época.
  • Predomina em sua arquitetura características neoclássicas, como geometrização, materiais nobres (pedra, mármore, granito e madeiras) e o retorno ao estilo greco-romano, itens facilmente vistos nas “pilastras” do lado do prédio com estatuas de homens em baixo, como se tivessem segurando-as.
  • Arquitetura marcada pela grandiosidade, pela altura, pelo exagero das portas, janelas, a grande escadaria e o uso do concreto armado (também características neoclássicas).

Quinta parada - Igreja da Boa Viagem
Replica do Lavabo que fazia parte da Igreja antiga.


Sexta parada - Outras construções arquitetônicas
Palácio da Justiça Rodrigues Campos

Características arquitetônicas em estilo neoclássico mais precisamente:

  • Exatidão nos contornos
  • Retorno ao estilo greco-romano
  • Academicismo e técnicas apuradas
  • Geometrização
  • Uso de materiais nobres como pedra, mármore, granito e madeiras

Parada Final 
Feira Tom Jobim - Feirante Enetina Gonçalves


Entrevista com a feirante Enetina Gonçalves

  • Há quanto tempo a senhora participa da feira?
Estou aqui desde o primeiro dia, há mais ou menos 30 anos atrás. (pergunta para uma senhora da barraca ao lado, que confirma)
  • Em sua opinião, qual é a importância cultural da feira?
Bom, a feira é bem importante. Aqui nós trazemos muitos produtos interessantes, originais de séculos passados. O problema que a gente enfrenta é a falta de propaganda. Se ninguém souber que existe a feira, como que as pessoas vão vir aqui? "Precisava" colocar faixas no trânsito, passar na televisão, no rádio... Hoje em dia a feira está vazia porque quase ninguém sabe sobre ela.
  • Ocorreram muitas mudanças desde a inauguração da feira?
A feira era em outro lugar, né? A gente costumava fazer ali, na alameda central da Praça da Liberdade, mas a gente mudou pra cá. No mais, o jeito como as coisas são arrumadas não mudou muito.
  • Os expositores são unidos?
Ah, somos! Varia, porque tem uns que são mais novos, e outros que estão aqui desde o começo, assim como eu. Tenho aquela ali (aponta para a mesma senhora a quem perguntou no início da entrevista) com uma irmã.
  • E qual é a importância financeira que a feira tem pra senhora?
Ah, antigamente eu ganhava bem mais aqui. Tenho 5 filhos e consegui formar todos eles, a maior parte do dinheiro vindo daqui. Mas hoje em dia as coisas estão diferentes. A gente muitas vezes tem que abaixar, pegar caixa pesada, então é bem difícil, agente esta aqui ainda por que gosta do que faz, eu tenho orgulho de falar que amo o que eu faço. Eu amo mesmo, e é por isso que a gente vai vencendo as dificuldades que vão aparecendo, claro acreditando muito em Deus e me apegando sempre a ele.
  • De onde vêm os objetos? É herança de família?
Olha, a gente consegue com fornecedores do Rio de Janeiro e do Espírito Santo... Algumas coisas vieram de família, outras a gente vai conseguindo. A maioria dos objetos é original mesmo, do século XVIII, XIX... Outros são copias bem fieis dos originais, mas quando não é original a gente avisa pra pessoa "Oh, esse aqui é uma réplica...". Mas isso quase nunca acontece. A maioria aqui é original mesmo.



Obs: Adoramos a Dona Enetina, ela é uma pessoa super carismática, que nos atendeu com a maior educação e atenção, e ainda nos deu muitos conselhos e uma lição de vida com sua historia.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Projeto Jovem Músico BDMG

Palácio das Artes, 9 de junho de 2011.


         Um dos grandes problemas enfrentados pelas artes e seus artistas na atualidade é a falta de incentivo e investimento em tais áreas. Tal fato pode ser observado em nosso país e, infelizmente, programas a fim de corrigí-lo são raros. O Instituto Cultural Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais - o BDMG Cultural - é voltado exclusivamente para o estímulo de atividades culturais e é responsável por revelar inúmeros talentos contemporâneos em MG. Em meio a vários programas em diversas áreas do ramo artístico, o Instituto criou, no ano de 2000, o Jovem Músico BDMG, tendo como objetivo principal oferecer oportunidades ao jovem músico mineiro de se apresentar em público, proporcionado a ele toda a estrutura de um recital profissional. Os músicos participantes tem até 25 anos e são estudantes de música clássica, sendo cantores ou instrumentistas, avaliados por uma comissão julgadora com profissionais como maestros e professores de música, selecionando, etapa por etapa, novos talentos que se apresentarão durante o ano. Desde o início do programa, cerca de 272 músicos já se apresentaram, proporcionando uma ótima oportunidade para que nos eduquemos artisticamente. Os ingressos são vendidos a R$2,00 e as apresentações acontecem mensalmente no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, sempre a partir do mês de abril.
          É de conhecimento geral que as artes e suas vertentes dificilmente são apreciadas em todas as suas dimensões, pela maioria da população. O fato é que, por diversas vezes, ouve-se reclamações com relação ao alto custo de muitos espetáculos, o que não chega a ser totalmente falso em determinadas situações. O projeto Jovem Músico BDMG é uma das explendorosas opções de fácil acessibilidade à todos, uma vez que apresenta baixo custo e altíssima qualidade em termos artísticos. Temos, através do mesmo, a oportunidade de nos educarmos artisticamente de maneira ímpar, e de absorvermos a primeira arte em sua mais pura forma. Passamos assim a ter contato com o artista e sua reprodução de obras clássicas e tão bem reconhecidas no plano mundial, além de termos a oportunidade de observarmos suas expressões oriundas do prazer que efetuar algo que tanto ama lhe proporciona.

sábado, 28 de maio de 2011

Tarsila e o Brasil Dos Modernistas

Casa Fiat de Cultura, 27 de maio de 2011.

          Em 1994, Tarsila do Amaral (em um dos anos mais férteis de sua carreira) fez uma viagem a Minas Gerais, onde se encontrou com o "bando" dos modernistas e procurou visitar as cidades históricas do estado. Tal viagem marcou profundamente a obra da artista, que viria posteriormente retratar formas, contornos e costumes não só mineiros, bem como de todo o Brasil. A exposição "Tarsila e o Brasil dos Modernistas" vem, portanto, trazer uma seleção de obras que mostram visões singulares de paisagens, tradições e tipos brasileiros, apresentando grandes expoentes do modernismo em nosso país. Tendo como base a obra de Tarsila, a exposição também traz artistas que procuram uma possível representação da cultura brasileira, como Candido Portinari, Di Cavalcanti, Cícero Dias, Vicente do Rego Montenegro, entre outros. A entrada é franca e o acervo pode ser visto na Casa Fiat de Cultura até o dia 10 de julho.
          É de conhecimento da maioria que cada artista imprime em sua obra sua visão particular do mundo ou de determinado assunto. Podemos assim observar duas obras que procuram retratar o mesmo tema, porém abordado de formas distintas por serem de artistas diferentes. Um exemplo claro disso pode ser analisado tomando como exemplo as obras de Tarsila e Portinari. A primeira via a natureza e o ser humano como sendo independentes entre si, como se um elemento não precisasse necessariamente do outro para existir; assim, suas obras geralmente são voltadas para os contornos, as formas e as cores vibrantes do país, para sua natureza. Já para Portinari, os dois elementos (homem e natureza) são inseparáveis. O homem era natureza, e assim o artista focou sua obra principalmente em corpos, rostos que expressassem sua cultura, suas raízes. De forma geral, os trabalhos expostos  se reportam ao tempo  e ao espaço nos quais foram produzidos e ao entendimento que os artistas modernos tiveram da realidade à sua volta. Assim, nos deparamos com uma diversidade de cores e de maneiras de retratar um mesmo assunto: a complexa teia cultural brasileira. Cada artista, à sua maneira, nos conduz a uma compreensão mais integrada do cenário que tanto presenciamos, mas que muitas vezes não é notado por nós.

terça-feira, 19 de abril de 2011

O Pastelão

Centro Cultural Padre Eustáquio, 15 de abril de 2011.
                      
       Tendo como referência o cinema mudo (onde a ação dos personagens independe da utilização da palavra para narrar o desenvolvimento de uma história), o Grupo Trama de Teatro em parceria com os grupos teatrais ZAP18, Candongas e Mayombe apresentou a peça O Pastelão em sedes de grupos de teatro e centros culturais públicos localizados em várias regiões de Belo Horizonte. 
       O enredo se desenrola quando um casal de pasteleiros chega à cidade para apresentar o melhor pastelão já visto. A peça (que é composta somente pelos dois personagens) oferece um misto de romance e humor, com variações dráticas da trilha sonora para que tal mudança seja pontuada apropriadamente. Tendo características lúdicas, o espetáculo convida o público a interagir com os personagens, que convidaram duas pessoas da platéia para participar diretamente de alguns momentos da peça. O Grupo Trama de Teatro fez tais apresentações em comemoração aos treze anos em atividade, e as apresentações se encerraram no último domingo, 17. 
       A peça "O Pastelão" trouxe a oportunidade de percebermos a riqueza das cenas mesmo sem a presença de falas. De forma geral, temos a impressão errônea de que uma peça teatral deve apresentar todos os elementos normais para que seja considerada "completa". A sexta arte pode ser apresentada de maneiras bastante variadas sem que seu caráter artístico seja perdido. Apesar da ausência de texto, somos introduzidos no espírito das cenas através das expressões dos atores e a mudança da trilha sonora (presente em todo o espetáculo). Isso nos mostra um pouco de como a sexta arte é feita, sendo através de um conjunto de fatores para que tenhamos o resultado final. Algo que também nos chamou atenção foi  o caráter crítico que a peça discutida apresenta. Uma evidência disso é mostrada ao final, quando, depois de todo o processo de fabricação de um pastelão, nos confrontamos com uma pizza como resultado. Os personagens então levantam placas com os seguintes dizeres: "E o pastelão?" e "Pra que? Se tudo acaba em pizza!", fazendo uma crítica à forma como as situações são muitas vezes resolvidas em nossa sociedade atual. Logo, a arte serve como ponto de partida para a formulação de críticas, uma vez que ao contemplarmos uma obra, nos confrontamos com o ponto de vista expresso pelo artista.

quinta-feira, 31 de março de 2011

Diálogos Musicais: Expressão e Virtuosidade


Museu de Arte da Pampulha, 27 de Março de 2011

        A temporada de Diálogos Musicais no Museu de Arte da Pampulha teve início no último domingo (dia 27), e tem como tema central "Expressão e Virtuosidade". A abertura da temporada teve como atração um dueto musical entre Sergey Kravchenko e Michael Uhde, músicos respeitados no plano internacional, e que apresentaram um repertório variado de música erudita. Antes do espetáculo principal, um solista - aluno de Kravchenko - de apenas 14 anos fez com que a manhã musical já fosse iniciada em altíssima qualidade.
        As atrações principais, como já citado, são respeitados internacionalmente. Kravchenko é russo, e representa um dos grandes nomes internacionais do violino. Nasceu em Odessa, em 1947, e iniciou seus estudos musicais na Escola de Música Stolyarsky. Posteriormente ingressou no Conservatório de Moscou e venceu concursos importantíssimos, e atualmente realiza turnês e master classes pela Rùssia e todo o mundo. Uhde é alemão e iniciou seus estudos com o pai, aos 5 anos de idade. Graduou-se em Freiburg e como bolsista do governo alemão, especializou-se no Conservatório G. Verdi em Mailand. É atualmente um dos mais conceituados professores de piano da Alemanha, com alunos premiados em muitos concursos no plano internacional e nacional. Conquistou o 1 lugar entre 160 candidatos de toda a Europa pela cátedra de piano da Escola de Música de Karlsruhe, sendo atualmente o vice reitor de tal instituição, e realizando anualmente turnês e mater classes por todo mundo. 
         Como uma ótima opção de educação musical e lazer, o Museu de Arte da Pampulha oferece o seguimento da temporada dos Diálogos Musicais todo domingo, às 11 da manhã. A entrada é franca e os convites são distribuídos com uma hora de antecedência no local.
        Através de tal apresentação pode-se observar uma importante característica em uma obra de arte: o prazer, que é o principal objetivo da arte. O prazer não é algo geral, mas sim relativo, pois se diferencia de cada indivíduo de acordo com a experiência vivida por cada um. O que pode ser extremamente prazeroso a uma pessoa, pode não surtir o mínimo efeito em outra. Através dele, é possível emocionar-se e lembrar-se de momentos já vividos anteriormente.
       Além do prazer, é extremamente notória a expressão dos artistas ao se apresentarem. Eles interpretam o que tocam de uma maneira tão significativa que palavras não são necessárias para transmitir informações – levando-se principalmente em conta, o fato de que as músicas apresentadas não possuem letra. A beleza também se faz presente na obra apresentada, mas sempre de uma forma relativa, sendo ou não apreciada, individualmente, por aquele que a assiste, sendo bela ou não de acordo com as experiências que cada um teve. 

domingo, 27 de fevereiro de 2011

29º Bienal de São Paulo - A Arte de Pensar Arte

Palácio das Artes, 24 de fevereiro de 2011


          Sendo uma forma de entender e interferir no presente, a arte está inserida em diferentes épocas, em diferentes situações e contextos . Possui a singularidade de ser pessoal (partindo do pressuposto de que expressa o ponto de vista do artista) e de servir como ponto de partida para análises críticas. Através da audácia de não ser sutil, quebra barreiras - inclusive do tempo - ao abranger temas até então desconhecidos ou ignorados. Mostra-se, dessa forma, elemento inseparável da política, uma vez que reinventa ou traduz a realidade de forma a inserir nesta elementos que a engrandecem. Esta é a proposta apresentada pela 29° Bienal de São Paulo, que promove o encontro do fazer artístico com o papel fundamental na vida de forma geral. Apresenta um acervo de obras selecionadas dentre as que foram exibidas em São Paulo e vários de seus destaques, proporcionando a Belo Horizonte um contato direto com notáveis produções da arte contemporânea brasileira e internacional.
          Ao nos encontrarmos frente a frente à tamanha riqueza em termos artísticos, é inevitável nos questionarmos os significados das obras e sobre o que é a arte. Através da exposição encontramos um mundo conhecido e ao mesmo tempo inesperado - a reinvenção ou interpretação da realidade. Mas deveríamos chamar de "reinvenção do real" algo que se apresenta como realidade da arte? Esta, de acordo com Platão, é vista como uma representação imitativa da realidade, mas, diante de numerosos conceitos atribuídos à arte, certamente nenhum abrange de forma satisfatória sua complexidade. A arte é uma forma do ser, é vida, e não pede por compreensão. É tida como uma forma particular da crítica, do conhecimento, e cabe a todos apreciá-la sem a pretensão de entendê-la ou fazer uma correspondência entre ela e conceitos pré-estabelecidos. Não pode ser entendida somente como beleza ou verdade - conceitos que estão em constante mudança - ou como forma de pura expressão, manifestação da moral ou da religião. Ao mesmo tempo pode ser evocadora, ideológica, recusa e, por meio dos sentidos (como a audição, a visão, o tato), se dirigir ao espírito.
          Contudo, mesmo após tais considerações, a arte mostra em um universo de relativa complexidade, mas acessível a todos. Cabe a cada um identificar a arte presente em nosso cotidiano ao olhar ao nosso redor e percebê-la em detalhes. Contemplá-la e observar que foge da compreensão algo que é abstrato por excelência.