domingo, 27 de fevereiro de 2011

29º Bienal de São Paulo - A Arte de Pensar Arte

Palácio das Artes, 24 de fevereiro de 2011


          Sendo uma forma de entender e interferir no presente, a arte está inserida em diferentes épocas, em diferentes situações e contextos . Possui a singularidade de ser pessoal (partindo do pressuposto de que expressa o ponto de vista do artista) e de servir como ponto de partida para análises críticas. Através da audácia de não ser sutil, quebra barreiras - inclusive do tempo - ao abranger temas até então desconhecidos ou ignorados. Mostra-se, dessa forma, elemento inseparável da política, uma vez que reinventa ou traduz a realidade de forma a inserir nesta elementos que a engrandecem. Esta é a proposta apresentada pela 29° Bienal de São Paulo, que promove o encontro do fazer artístico com o papel fundamental na vida de forma geral. Apresenta um acervo de obras selecionadas dentre as que foram exibidas em São Paulo e vários de seus destaques, proporcionando a Belo Horizonte um contato direto com notáveis produções da arte contemporânea brasileira e internacional.
          Ao nos encontrarmos frente a frente à tamanha riqueza em termos artísticos, é inevitável nos questionarmos os significados das obras e sobre o que é a arte. Através da exposição encontramos um mundo conhecido e ao mesmo tempo inesperado - a reinvenção ou interpretação da realidade. Mas deveríamos chamar de "reinvenção do real" algo que se apresenta como realidade da arte? Esta, de acordo com Platão, é vista como uma representação imitativa da realidade, mas, diante de numerosos conceitos atribuídos à arte, certamente nenhum abrange de forma satisfatória sua complexidade. A arte é uma forma do ser, é vida, e não pede por compreensão. É tida como uma forma particular da crítica, do conhecimento, e cabe a todos apreciá-la sem a pretensão de entendê-la ou fazer uma correspondência entre ela e conceitos pré-estabelecidos. Não pode ser entendida somente como beleza ou verdade - conceitos que estão em constante mudança - ou como forma de pura expressão, manifestação da moral ou da religião. Ao mesmo tempo pode ser evocadora, ideológica, recusa e, por meio dos sentidos (como a audição, a visão, o tato), se dirigir ao espírito.
          Contudo, mesmo após tais considerações, a arte mostra em um universo de relativa complexidade, mas acessível a todos. Cabe a cada um identificar a arte presente em nosso cotidiano ao olhar ao nosso redor e percebê-la em detalhes. Contemplá-la e observar que foge da compreensão algo que é abstrato por excelência.