terça-feira, 19 de abril de 2011

O Pastelão

Centro Cultural Padre Eustáquio, 15 de abril de 2011.
                      
       Tendo como referência o cinema mudo (onde a ação dos personagens independe da utilização da palavra para narrar o desenvolvimento de uma história), o Grupo Trama de Teatro em parceria com os grupos teatrais ZAP18, Candongas e Mayombe apresentou a peça O Pastelão em sedes de grupos de teatro e centros culturais públicos localizados em várias regiões de Belo Horizonte. 
       O enredo se desenrola quando um casal de pasteleiros chega à cidade para apresentar o melhor pastelão já visto. A peça (que é composta somente pelos dois personagens) oferece um misto de romance e humor, com variações dráticas da trilha sonora para que tal mudança seja pontuada apropriadamente. Tendo características lúdicas, o espetáculo convida o público a interagir com os personagens, que convidaram duas pessoas da platéia para participar diretamente de alguns momentos da peça. O Grupo Trama de Teatro fez tais apresentações em comemoração aos treze anos em atividade, e as apresentações se encerraram no último domingo, 17. 
       A peça "O Pastelão" trouxe a oportunidade de percebermos a riqueza das cenas mesmo sem a presença de falas. De forma geral, temos a impressão errônea de que uma peça teatral deve apresentar todos os elementos normais para que seja considerada "completa". A sexta arte pode ser apresentada de maneiras bastante variadas sem que seu caráter artístico seja perdido. Apesar da ausência de texto, somos introduzidos no espírito das cenas através das expressões dos atores e a mudança da trilha sonora (presente em todo o espetáculo). Isso nos mostra um pouco de como a sexta arte é feita, sendo através de um conjunto de fatores para que tenhamos o resultado final. Algo que também nos chamou atenção foi  o caráter crítico que a peça discutida apresenta. Uma evidência disso é mostrada ao final, quando, depois de todo o processo de fabricação de um pastelão, nos confrontamos com uma pizza como resultado. Os personagens então levantam placas com os seguintes dizeres: "E o pastelão?" e "Pra que? Se tudo acaba em pizza!", fazendo uma crítica à forma como as situações são muitas vezes resolvidas em nossa sociedade atual. Logo, a arte serve como ponto de partida para a formulação de críticas, uma vez que ao contemplarmos uma obra, nos confrontamos com o ponto de vista expresso pelo artista.