sexta-feira, 26 de agosto de 2011

História Permanente do Cinema - O Criado

Palácio das Artes, 25 de agosto de 2011.


        A fundação Clóvis Salgado recebeu, durante as quintas-feiras do mês de agosto, uma mostra composta por quatro sessões que integram a História Permanente do Cinema. O projeto, idealizado com o objetivo de promover a apreciação e discussão dos filmes apresentados, contou com a presença de críticos, pesquisadores e professores ao final de cada uma das quatro sessões e trouxe clássicos e obras decisivas das mais variadas escolas e tendências da história do cinema mundial. A classificação foi livre para todas as sessões e a entrada, gratuita. As exibições aconteceram no Cine Humberto Mauro, no Palácio das Artes em Belo Horizonte, do dia 4 ao dia 25 de agosto.
        Sob a direção do inglês Joseph Losey e baseado no romance de Robin Maugham, "O Criado" aborda a relação entre classes sociais conflitantes ao apresentar a história de um jovem rico e solteiro que contrata um criado a fim de que o mesmo satisfaça todas as suas vontades. No início, nada de inovador ou surpreendente, mas uma reviravolta pode ser observada nos momentos finais dos 112 minutos de filme. Abalado psicologicamente (o que se deve a uma traição da parte do próprio criado) o jovem patrão encontra-se sozinho em sua casa e experimenta o amargo gosto da solidão. Assim, resolve ignorar todo o orgulho e pedir para que seu criado volte a trabalhar em sua casa. O clímax se dá quando, percebendo a situação frágil na qual o patrão se encontra, o criado passa a se comportar de forma intimidadora e acaba invertendo as duas funções: a de patrão e empregado. Passa então a controlar a vida do jovem rico, que em determinado momento se dá conta da reviravolta ocorrida na própria vida, mas não consegue tomar qualquer atitude para reassumir o controle.
       O cinema, enquanto sétima arte, vem abordando tópicos polêmicos que fazem parte do cotidiano social de todas as épocas, construindo pensamentos críticos e apontando a realidade de forma muitas vezes sutil, mas marcante. Mais uma vez, a população belo-horizontina se vê em meio a oportunidades ímpares de enriquecimento cultural a baixo ou nenhum custo. A iniciativa tomada pelo Cine Humberto Mauro se torna ainda mais interressante ao abordar filmes gravados na década de 1960, com áudio e imagens originais. Isso faz com que projetemos-nos a épocas bem diferentes da atual e compreendamos melhor a visão e interpretação feita da realidade, pelo artista. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário